Uma garota com seus 19, 20 anos atravessa a ponte.
Seus predicados, muito modestos, não chamariam a atenção de ninguém: Olhos negros, cabelos castanho-escuros naturalmente ondulados, uma regata listrada sobre um tronco magrelo e sem jeito. Uma calça jeans de cintura baixa, com a barra arrastando no chão. Sandália de tiras brancas, apertando a parte de cima do pé em dois lugares.
Devia estar pensando na vida, pois vinha cabisbaixa; vinha a passos miúdos, como se os contasse.
O sinal abre, os carros passam. Numa Fiorino velha estão dois homens. O motorista posiciona o automóvel ao lado da nossa heroína, enquanto o colega põe a cabeça para fora da janela.
"Nossa Senhora, hein?"
O carro passa. Os carros passam. As outras pessoas passam. A moça sorri largo, de orelha a orelha, sem a mínima pretensão de disfarçar a felicidade que enchia-lhe as entranhas.